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vinho tinto

vinho tinto

16
Jan12

LATE NIGHT SECRETS

corto viaggio sentimentale, capriccio italiano (6ª estrofe)
António Franco Alexandre, Quatro Caprichos, Assírio & Alvim.


quero dizer-te: não morras.
Nem me digas quem és, quem foste, como sabes
a língua que se fala sobre a terra.
Ao lume lanço
toda a vontade de viver, ser vivo,
a cautela do ar, ardendo em torno.
Passarei, terás passado em mim, só quero
dizer-te: não morras nunca, agora, nunca mais.


17
Out11

LATE NIGHT SECRETS

P a r t i d a

(Jean-Arthur Rimbaud, Iluminações, Assírio & Alvim)

 

Demasiado visto. A visão percorreu todos os ares.
Por demais sofrido. Rumor das cidades, à noite, ao sol, e sempre.
Por demais sabido. As estocadas da vida. - Ó Rumores e Visões!
Partida no afecto e no ruído novos!

 

05
Jan11

LATE NIGHT SECRETS

Princípios - Nuno Júdice

 

Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.

Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.

Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.

08
Mar10

LATE NIGHT SECRETS

Penso nisto muitas vezes.

 

António Ramos Rosa,
Deambulações Oblíquas, Quetzal Editores

Este poema é absolutamente desnecessário
pela simples razão de que poderia nunca ser escrito
e ninguém sentiria a sua falta
Esta é a sua liberdade negativa a sua vacuidade dinâmica
e o movimento da sua abolição
a partir do seu vazio inicial
Mas qual é a sua matéria qual o seu horizonte?
Traçará ele uma linha em torno da sua nulidade
e fechar-se-á como uma concha de cabelos ou como um útero do nada?
Ou será a possibilidade extrema de uma presença inesperada
que surgiria quando chegasse a essa fronteira branca
que já não separaria o ser do nada e no seu esplendor absoluto
revelaria a integridade do ser antes de todas as imagens
a sua violência inaugural a sua volúvel gestação?

15
Set08

...

SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

                  Miguel Torga, in "Diário VIII"
20
Nov07

...

e m   n o m e   d a   t e r r a
 

Vergílio Ferreira, Em nome da terra, Bertrand Editora

«Porque a grandeza, querida Mónica, não tem bem que ver com o que fazemos mas com o que não faz em nós o animal, que tem muita força e precisa de uma força maior para a não ter.»

03
Fev07

LATE NIGHT SECRETS

Em dias como o de hoje (frios?), gosto de ler autores estrangeiros sobre Portugal e os seus. Ainda que no e pelo passado.

Jorge Luís Borges, em tradução de Miguel Tamen.

 

A   L U Í S   D E   C A M Õ E S


Jorge Luís Borges, O Fazedor, DIFEL

 

Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
e o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se áquem da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida Lusitana.

27
Dez06

LATE NIGHT SECRETS

Enquanto o mundo dorme - Mirabai

tradução de Jorge Sousa Braga*

Enquanto o mundo dorme
Eu permaneço acordada.
Num glorioso palácio de prazer
Sento-me vigilante
E vejo uma rapariga abandonada
Com uma grinalda de lágrimas
Que passa a noite a contar
As estrelas a contar as horas
Que a separam da felicidade.

Se eu soubesse que
O amor e o desespero
Andam sempre de mãos dadas
Teria pegado num tambor
E iria proclamar pela cidade
Que o amor foi banido para sempre.


* "Qual é a minha ou a tua língua - Cem poemas de amor de outras línguas", Assírio & Alvim.

13
Jun06

LATE NIGHT SECRETS

Acabei hoje de ler os Anjos Caídos que me tinham aconselhado. Não me arrependi, mas não estou feliz.

Nada de novo (em mim, não nos Anjos). Para quem ainda não leu, um cheirinho.

 

 

S O L I D Ã O
José Agostinho Baptista, Anjos Caídos, Assírio & Alvim

 

 


Estou só.
Levo à boca as minhas mãos, as mesmas
que levaram à boca o pão antigo,
o trigo das mães.
Tenho os lábios secos, sem beijos,
sem frutos, sem nada.
E os nossos corpos já não se unem como
outrora,
junto às estações,
quando chegavam os comboios tristes.

 

 

 

 


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