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as sombras vermelhas
da tua dor
repousam caladas
sobre a carne
de um corpo doente
e a imobilidade do vento
não chega para afastá-la
as cidades são muito cinzentas
sempre
que uma ave
me morre nas mãos
não estou a perceber o que escrevo,
mas gosto
tens um pássaro
a voar-te dentro dos olhos
e um lince nas veias
ainda recordo bem o nó que me ensinaste.
o erotismo de minha casa
está na relva
e nas montanhas
um plano inclinado sensações sabores ajoelhados sinusóides de emoções hipérboles excessos abusos ângulos a tender para o infinito e teoremas obtusos movimentos de corpos fricções e sonhos mareados ondas opostos de costas elipses poemas de mel curvas sórdidas rectas obscenas delírios medidos altiva dependência do desejo delíquio dos sentidos a inércia que se segue um mas tem que ser camel funções três dimensões eixos gráficos hipnóticos de regresso aos limites axiomas doces derivadas integrar as mãos os lábios e os olhos neuróticos a correlação o comprimento palavras e coordenadas um sorriso e os valores esperados nos deltas eróticos o inverso e o simétrico também verdades imaculadas. |
10-3-2003 |
o rápido infinito
teima
em não passar
nas mãos de uma pedra
repousam os anéis de vidro
e as sombras de sabão
ser em breve o segredo do pólen
na tua língua a novidade do rio
o sabor imenso ser a tua lágrima
a serenata de espuma combustível
no teu ventre relâmpago virgem
ser-te o espaço e o espaço seres tu
e a fantasia de sermos um só violino
na mão de um anjo sermos os lírios
e a voz do vento na seara dos dias
os carrascos implacáveis da insónia
da sombra e dos cavalos vermelhos
destilar tinta branca e beber os espinhos
com dedos de sol esticados a desenhar
longos os momentos longos do mar
na pele os lábios e para sempre nós
e nenhum tempo para sermos breves
estou dobrado como ervas à beira lago
insectos desfocados saltitam em silêncio
na superfície da água