diário
apesar do avc e da paralisia, sou um privilegiado. mantenho a que, para mim, é uma das capacidades mais importantes que temos: sermos nós próprios. a inteligência dá-nos a capacidade de nos adaptarmos, mas a capacidade de não o fazer, tentando não magoar quem quer que seja, é mais rara, complicada de obter e não se consegue com inteligência. essa capacidade é, demasiadas vezes, incompreendida. não alinhar com a maioria só porque sim, pensar e ter a nossa, bem fundamentada, opinião é muitas vezes confundido com arrogância. manter-se fiel, com qualidade de argumentos e não apenas por teimosia, é complicado: toda a gente gosta de aceitação e isso implica, muitas vezes, mudar de opinião. mantê-la e fundamentá-la com qualidade não é teimosia: é arte.
não estou com isto a dizer que nunca devemos mudar de opinião – lembrem-se que mudar é sinal de inteligência -, mas não a mudar só para, como dizem os americanos, go with the flow, é algo que devemos perseguir.
eu, felizmente, tenho o privilégio de pensar por mim e, mesmo que doa a alguém, ter a minha própria opinião. pena é que esse alguém seja, muitas vezes, eu.
não alinhem em carneiradas e pensem. um erro bem fundamentado é mais valioso que estar certo sem saber porquê.