07
Jan05
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ser em breve o segredo do pólenna tua língua a novidade do rio
o sabor imenso ser a tua lágrima
a serenata de espuma combustível
no teu ventre relâmpago virgem
ser-te o espaço e o espaço seres tu
e a fantasia de sermos um só violino
na mão de um anjo sermos os lírios
e a voz do vento na seara dos dias
os carrascos implacáveis da insónia
da sombra e dos cavalos vermelhos
destilar tinta branca e beber os espinhos
com dedos de sol esticados a desenhar
longos os momentos longos do mar
na pele os lábios e para sempre nós
e nenhum tempo para sermos breves