contigo imaginar o teu nome
e a simplicidade com que incendeia
os filamentos do sonho
a inocência
e a extrema lucidez do infinito
o que sobra depois dele?
um céu sem estrelas?
um poema sem sílabas
um oceano sem ondas
dunas de silêncio no corpo
teias de solidão nos olhos
lágrimas que a música liberta
publicado às 19:39
espero o silêncio ardente dos pássaros
para poder nele ver a solidão das estrelas
e a cruel navegação da saudade no corpo
a imobilidade do branco e do cimento
faz pesado o infinito e atenua memórias
sem que a eternidade as condense
a impaciência desfaz a poesia durante o silêncio
e apaga a perfeição escaldante dos moinhos de fogo
nas avenidas de sangue que os orgasmos desenham
com canetas de carnal desejo
anéis de versos e vozes sangrentas estrangulam
o único despertar permitido ao palpável
esfaqueiam a liberdade da criação
e os mapas de amor das letras
publicado às 15:49
Depois dos dois exames, a doutora Mariana recebeu-me, de novo, no, bem decorado, gabinete dela:
- Estive a ver os seus exames e o seu cérebro está em perfeitas condições de prosseguirmos com o ensaio. Quando quer começar?
- Assim que vos for possível.
- Como sabe, o tratamento baseia-se em injeções. Temo-las prontas e podemos começar quando quiser.
- Pode ser já amanhã
publicado às 15:30
desejo humedecido,
prazer recortado,
orquídeas unidas,
chamas curvas.
gemidos ansiados,
olhos escondidos,
nudez debruçada,
ondas fluídas.
elevado fulgor: travão do infinito
com lâminas de voz, luz e luar,
silhueta de noites que não começam
verso delirante que me liberta de vendas
e me embriaga com o próprio sangue:
mistério que te transborda do corpo.
publicado às 00:31