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vinho tinto

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28
Mar16

Aprender de Cor quem Amamos

 

Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
28
Mar16

avc-r

A viagem foi feita a um sábado e, como eu desconfiava, pareceu imensa. Fiz toda a viagem com dores musculares horríveis. A ansiedade fazia com que eu fizesse muita força e, por consequência, doer-me os músculos. Misturada com o terrível calor que se fazia sentir naquele dia, com as dores que causava e com a sede que me provocava, a ansiedade tornava a viagem num autêntico martírio.

28
Mar16

Loucura?

Continuam a acontecer coisas muito estranhas. A minha irmã, quando ontem foi embora, levou os meus dois sobrinhos. Hoje, quando acordei, a minha sobrinha estava a dormir cá. Se calhar devia fazer uma TAC. Just in case.

28
Mar16

Vive o Instante que Passa

 

Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de o não teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'
28
Mar16

avc-r

Modéstia à parte, hoje sinto-me vestido com excelência: calças de ganga, t-shirt azul da Puma, sapatilhas azuis e cinzentas e um casaco de malha também cinzento comprido e grosso – tricotado à mão por uma tia. Há uma coisa muito importante que vos quero dizer: se forem tetraplégicos, não vão ao Porto, de manhã e de t-shirt. Mesmo de casaco.  

Enquanto a Dalila empurrava a minha cadeira, surgiu-me uma pergunta que não consegui conter:

- Ficas muito bonita com essa bata. Que usas por baixo?

- Rodrigo! Que raio de pergunta é essa?

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