diário
os olhos da rosa olham para as palavras como se fossem chamas: retardam o infinito com o vento dos versos. o extravagante murmúrio das letras reduz a súbita aparição do silêncio, escreve o corpo na lucidez abstrata dos espaços.
peixes, transparentes e brilhantes como vidro,
nadam pelas ruas do infinito
protegidos pela densidade do silêncio
todas as noites sinto-me a solidão a percorrer uma rua até ser de manhã. cambaleante. um tronco à deriva na imensidão.
este texto não vai ter uma linha única: uma história. vou escrever tudo (ou nada). não se queixem do rumo que ele não existe. acho eu. se calhar o rumo é não ter rumo. nem sei se vou escrever para publicar. se calhar nem faz sentido dirigir-me a vocês. para todos os efeitos: “vocês” ainda nem existem.