Como devem ter percebido, quando tive a sulipampa, morava com a Margarida. Não éramos ricos, mas vivíamos bem (não éramos pobres) e éramos felizes – que considerávamos ser o mais importante. A classe média diz sempre isto, mas eu acho mesmo verdade. Éramos e somos. De outra forma, claro, mas somos. Foi toda uma aprendizagem, mas hoje podemos dizer que somos felizes – eu, pelo menos, posso (e ela acho que também).
Não sei porquê, mas desconfio que este texto não vai longe e que nunca vai ver a luz do dia. Acho que só o meu suicídio lhe pode valer e não me vou matar para lhe dar sucesso. Outras coisas até o merecem, mas isto não. Por exemplo, morrer de amor. Já não se usa, mas o amor justifica um belo suicídio. De qualquer forma, vou escrevendo. Se eu não acabar, depois não digam que não avisei.
as palavras que a rosa inventa com o sangue atingem o centro do mundo como pedras vulcânicas: surdos furacões vermelhos. estimulam a violenta explosão dos sentidos. excitam os dragões. criam invisibilidade com rochas e refrescantes fogos com água. produzem lagos de pele. caminham velozes para a lenta compreensão e deixam para trás a densidade do silêncio.